Brasil

Lula diz que proibiu discussões sobre criação de instituto

13/09/17 - 20h19
Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ao juiz Sérgio Moro que era proibido discutir sobre o "futuro de Lula" enquanto ele ainda estivesse ocupando a presidência da república. Segundo o petista, há histórias "fantasiosas" a respeito do Instituto Lula.

— Ninguém no meu governo e muito menos na minha casa discutia coisas comigo sobre o instituto porque eu dei uma ordem: não quero discutir o futuro do Lula antes do dia 31 de dezembro de 2010. Quando eu deixar a presidência eu vou discutir minha vida.

Lula opina que algumas pessoas mentem e, a partir da primeira mentira, precisam continuar criando histórias.

— Eu acredito que tem pessoas que contam fantasias, constroem fantasias e começam a fazer ilações sobre as fantasias.

Ao ser perguntado se sabia sobre uma suposta conversa entre o pecuarista José Carlos Bumlai e a Marisa Letícia Lula da Silva, Lula explica que duvida que a mulher tivesse tido esse diáologo. Bumlai teria dito em depoimento que foi procurado por Marisa para implementar um espaço institucional à Lula.

— Se conversaram com a Marisa, ela não me contou. Acho difícil terem conversado com a Marisa e ela não me contar.

Durante o depoimento a Moro, o ex-presidente também disse que questionamentos sobre terceiros deveriam ser feitos aos envolvidos e não a ele, quando perguntado sobre a compra de José Carlos Bumlai do espaço onde seria instalado o Instituto Lula. O documento sobre o imóvel teria sido encontrado em um escritório na casa do petista.

Moro pergunta se Lula tinha conhecimento da compra do terreno. O ex-presidente nega, mesmo quando o juiz afirma que o MP afirma que o imóvel foi encontrado na residência de Lula.

— Eu não sei o que eles encontraram na minha residência, doutor. Eles entraram seis horas da manhã, entraram em um escritório na minha casa que faz exatamente 20 anos que moro na minha casa e 20 anos que não entro naquele escritório. Eu diria quase que era um lugar de jogar tranqueira, papeis e mais papeis. O fato de ter encontrado isso em um escritório na minha casa não significa que eu tenha conhecimento, que eu tenha visto.

Lula ainda afirma que não confia que o documento tenha sido realmente encontrado em sua casa.

— Até porque eu não sou obrigado a acreditar que encontraram na minha casa. Eu não confirmo, eu tenho dúvidas, porque depois do que estão fazendo comigo, eu tenho muitas dúvidas.

Ao ser questionado se Lula sabia que Bumlai realizou a compra do imóvel, o petista disse a Moro que o pecuarista não devia satisfações e vice e versa. Lula sugere que o Ministério Público questione as pessoas diretamente envolvidas nos casos.

— Doutor, eu até queria fazer uma sugestão para o senhor. Essas coisas feitas pelo Bumlai e outras pessoas que eu não participei, é melhor o senhor perguntar para eles. Eu não sou obrigado e nem o Zé Carlos Bumlai tinha obrigação de apresentar qualquer projeto pra mim. Como eu não tinha que prestar contas para ele do que eu fazia. Então quando eles vão prestar depoimento, eu acho que o Ministério Público teve perguntar para eles.

Relação com Palocci

Lula afirma que o ex-ministro Antonio Palocci fez acordo de delação premiada somente para conseguir os benefícios concedidos pelo Ministério Público. Segundo ele, Palocci teria dito o que esperavam dele: que o petista teria obstruído a justiça. Lula disse que a única verdade no depoimento do ex-ministro é que o acordo foi firmado com o Ministério Público por causa dos benefícios da delação.

— Eu conheço o Palocci bem. Se o Palocci não fosse um ser humano, ele seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. O Palocci é medico, calculista, frio.

O ex-presidente afirma também que nunca obstruiu a justiça, negando o depoimento de Palocci.

— Se tem um cidadão no País que tirou o tapete da sala e que a podridão apareceu, esse cidadão se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Portanto eu não admito que ninguém diga que eu tento obstruir a justiça, porque eu se não acreditasse na justiça não estaria fazendo política.